Pesquisa da USP e Eletrobras conclui que solo pedregoso é eficiente e sustentável para geração solar

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Estudo avaliou o resultado da produção de energia com placas bifaciais em seis
 tipos de solos e traz importante contribuição para o meio ambiente
Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento e o crescimento do mercado de geração de renováveis, uma pesquisa desenvolvida pela Eletrobras e Universidade de São Paulo (USP) avaliou a influência de seis tipos de solo na geração de energia solar com placas bifaciais. O estudo comparou os custos de instalação e de manutenção da usina com o retorno na geração de energia e constatou que o solo pedregoso apresentou ótimos resultados. Considerando que esse tipo de solo é de baixa aptidão para o plantio e mais pobre em nutrientes, a pesquisa traz uma importante contribuição para o meio ambiente.
Além de orientar para a implantação de uma usina solar com a necessidade de menor investimento, o estudo mostrou que instalar usinas solares em áreas que já não são atrativas para a agricultura ou para a conservação, tem o potencial de contribuir para o uso sustentável dos recursos naturais. As outras coberturas de solos analisados foram: ráfia, polietileno, grama verde sintética, grama branca sintética e bidim. Apesar de o polietileno ter demonstrado maior eficiência na geração entre os solos avaliados, os pesquisadores constataram que seu custo de implantação é três vezes maior, ou seja, 300% mais caro que o pedregoso, por exemplo.
“A energia solar é um modelo de fonte limpa e renovável, mas para fins comerciais é necessário destinar áreas extensas. Além das placas bifaciais gerarem mais energia que as monofaciais, a pesquisa demonstrou que escolher o solo pedregoso diminui custos de investimento, pode contribuir para reduzir o impacto ambiental e tornar projetos de energia solar mais sustentáveis”, avalia André Schiante, gerente de Engenharia e Planejamento na Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho (RO), onde a pesquisa foi realizada.
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Este é o primeiro projeto de pesquisa em grande escala para avaliar o papel do solo na produtividade das bifaciais, placas com capacidade para produzir energia nos dois lados, possibilitando maior aproveitamento do sol, já que utilizam também a radiação refletida no solo. Estudos já disponíveis no mercado indicam que esses equipamentos podem gerar até 30% mais energia do que as placas tradicionais, monofaciais. A proposta foi ampliar o conhecimento.
“O maior diferencial e ineditismo dessa pesquisa é que produziu dados reais da relação entre o tipo de cobertura do solo e a energia gerada, um elemento importantíssimo para o projeto e previsibilidade de resultados de geração fotovoltaica com módulos bifaciais. Esses dados foram obtidos em condições reais de operação e sob diferentes tipos de interferências climáticas. Dessa forma, conseguimos obter dados precisos e que  permitem planejar o aumento da produção em usinas já existentes”, destaca André Gimenes, coordenador do Grupo de Energia do Departamento de Energia e Automação Elétricas da USP.
O estudo foi conduzido durante três anos e os seis tipos de coberturas de solos foram analisados simultaneamente. Numa área de 14 mil m², os pesquisadores instalaram 1.440 módulos solares com capacidade total de 735kWp (quilowatt-pico), construindo uma usina protótipo com cerca de 10% do tamanho de uma usina fotovoltaica média para a geração comercial. Em um ano, a usina solar gerou no total 680,953 MW/h, energia suficiente para abastecer 446 residências médias no Brasil. Como a usina funcionou como um laboratório, sem intenção de comercializar, a energia produzida foi utilizada para abastecer os carros elétricos da companhia e no consumo das instalações da hidrelétrica.
A pesquisa integra o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Pela Lei 9.991/00, as empresas de geração de energia hidrelétrica têm que dispor de, no mínimo, 1% da sua receita operacional líquida (ROE) para projetos de pesquisa e desenvolvimento em eficiência energética.  O relatório final ficará disponível para o setor elétrico no site da ANEEL.