Nesta quarta-feira (12), celebra-se o Dia Mundial do Hip-Hop. A data foi escolhida em homenagem à fundação da “Universal Zulu Nation”, em 1973, organização pioneira do movimento que nasceu no Bronx, Nova Iorque, na década de 1970. No Brasil, ganhou força na década de 1980, quando se consolidou em São Paulo, principalmente por meio do breakdance, seguido pelo rap.
O Centro de Convivência da Juventude (CCJuv), programa permanente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), oferece aulas de breakdance há quatro anos. Essa modalidade faz parte do hip-hop, gênero que simboliza resistência, criatividade, manifestação, arte e cultura, e que também inclui o rap (ritmo e poesia), o DJing (manipulação de discos) e o grafite (arte).
Conforme Marília Pinto, superintendente de Programas Especiais ao qual o CCJuv está vinculado, o objetivo maior do centro é oferecer às crianças e aos adolescentes, de maneira inclusiva, atividades esportivas e culturais gratuitas, especialmente aquelas que contribuem para o desenvolvimento social e psicológico, como o breakdance, que ajuda a elevar a autoestima e a autoconfiança.
“O break é um estilo urbano que agrega expressão cultural, como forma de manifestação, crítica, protesto, colaboração social e é isso que o CCJuv tenta proporcionar. Também envolve energia, movimentos e uma série de situações positivas. Muito me alegra podermos abrir novos horizontes aos nossos alunos, sob o ponto de vista de atividades como o break”, ressaltou.

Encorajamento e socialização
Vitor Barros, de 17 anos, pratica break no CCJuv há oito meses. Apesar do pouco tempo na modalidade e de se considerar incapaz de dançar, ele já participou de alguns campeonatos, tendo conquistado, inclusive, o primeiro lugar durante o evento ‘Mormaço Cultural’, promovido pela Prefeitura de Boa Vista.
“Tem sido muito divertido participar das aulas. É algo que me deixa empolgado e que eu gosto de fazer. Apesar de ser difícil, foi onde me encontrei. Poder estar nas pistas, também, foi um sentimento muito bom e totalmente diferente dos treinos, porque eu pude agitar o público, executar os movimentos e receber a vibração deles. Foi a melhor parte para mim”, comentou.
Ele também disse que a dança o ajudou a superar a timidez e a socializar com jovens da sua idade. “Eu tinha vergonha de dançar na frente de todo mundo. Então, acredito que, após dançar, comecei a interagir mais com outras pessoas. Eu sempre tive contato com a cultura urbana, mas não tanto com a dança. Nunca imaginei estar como estou hoje”, afirmou.
Segundo o professor Lennon Lima, a modalidade proporciona diversos benefícios físicos e mentais, devido à execução dos movimentos, que exigem força e equilíbrio. “Atualmente, temos uma juventude que passa por situações complicadas. Muitos são sensíveis e o break consegue ativar neles mais energia e animação. Isso faz com que eles se conectem ao break”, destacou.
O professor também ressaltou o apoio e o incentivo proporcionados pela Assembleia Legislativa. “Assim que iniciei, há 20 anos, não tínhamos instrutores. Era mais complicado porque a internet era precária, o acesso a vídeos era difícil e, hoje, eles devem valorizar as oportunidades que não tínhamos, como espaço físico, espelho e tatame. Agora, está bem mais fácil”, concluiu.

Matrículas
As aulas para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos ocorrem no polo Buritis, que fica na avenida Ataíde Teive, 3510, às terças e quintas-feiras, a partir das 16h. Para realizar a matrícula, são necessários os documentos originais e cópias do CPF e do RG do aluno e do responsável, além de comprovantes de residência e escolaridade e uma foto 3×4.
Hip-hop em Roraima
O cenário do hip-hop em Roraima surgiu mais recentemente, por volta da década de 1990. Artistas locais, como MC Frank, que morreu no mês passado, aos 40 anos, vítima de câncer, e Milana, foram os pioneiros do estilo no estado. Após alcançar notoriedade e se fortalecer, o gênero musical foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado em 2023 pela ALERR.
Para Dorsyrene Sanchez, conhecida como “Pelita”, líder do coletivo Ritmizando, nascido há cerca de quatro anos em Roraima, o hip hop representa emoções diferentes para cada pessoa, dependendo de sua perspectiva e vivência. Ela explicou que, apesar de o movimento ser visto como marginalizado, o poder público tem dado apoio, principalmente o parlamento estadual.
“O poder público, de uns anos para cá, tem nos incentivado. Sempre tivemos essa imagem marginalizada. As pessoas discriminam o que a gente faz. Porém, o estado tem nos honrado. Esses atos nos legitimam bastante. Também recebemos apoio da Assembleia Legislativa ano passado, em um dos nossos eventos, proporcionando inclusão para a classe surda”, detalhou.
Pelita se descreve como uma artista migrante e mulher da periferia. Ela ressaltou que o coletivo foi pensado como uma forma de contribuir para o meio no qual estava inserido, pois percebeu que havia muito a ser feito para desmistificar a imagem que as pessoas têm do movimento. Uma das ações do coletivo em prol da cultura hip hop é o ‘Bate de Frente’.
“Ele é um encontro que acontece todos os anos, totalmente autônomo, onde mostramos a força das periferias. Juntamos pessoas de todos os tipos, tanto locais quanto de fora. Esse intercâmbio que a gente proporciona e demonstra, na prática, através desse tipo de evento, é surreal. Convido todo mundo para conhecer a cultura hip-hop”, concluiu.
Texto: Suzanne Oliveira
SupCom ALERR







