Aos 59 anos, homem inclui nome de pai falecido na certidão

Armando da Silva foi registrado aos 11 anos, de forma improvisada, para estudar. Pai tentou corrigir registro, mas situação financeira o impediu

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Da: ASCOM DPE-RR

A história de seu Armando começa em Barra do Corda, no Maranhão, onde nasceu e foi registrado apenas com o nome da mãe, Antônia Esmerindo da Silva. O registro foi feito de forma improvisada, durante uma campanha política, quando ele tinha 11 anos e precisava frequentar a escola. No momento, o pai não estava presente para fazer a confirmação.

O filho de seu Armando, Jairo Pereira da Silva, 30, servidor público, conta que, quando Antônio Galvão soube que seu nome não constava na certidão de nascimento do filho, chegou a procurar o cartório para corrigir o registro, mas as dificuldades financeiras da época impediram que a retificação fosse concluída.

“A chefe do cartório perguntou para meu avô e para meu pai se alguém havia questionado a paternidade dele e, como ninguém tinha reclamado, ela disse que a certidão poderia ficar como estava. E como meu avô não tinha condições de arcar com as taxas, a correção não foi feita”, contou Jairo

Após vários anos, foi através da filha de Armando, Meriam Pereira da Silva, que a família encontrou uma solução. A servidora pública, de 27 anos, soube do projeto Meu Pai Tem Nome durante um evento realizado em seu local de trabalho, uma escola, e viu ali a possibilidade de corrigir uma lacuna que afetava a história de seu pai.

“Eu não conhecia o projeto, mas, quando vi a ação na escola, perguntei logo à defensora se havia como incluir o nome do meu avô na certidão do meu pai, mesmo ele já sendo falecido. Ela disse ser possível e nos orientou sobre os documentos necessários. Hoje estamos aqui para concluir esse processo tão importante para nossa família”, relatou Meriam.

A defensora pública Elceni Diogo, coordenadora do projeto Meu Pai Tem Nome, explica que o caso de seu Armando foi tratado com atenção especial, devido à sua complexidade.

“A história do seu Armando é a de muitas pessoas humildes, que, por falta de recursos ou informações, acabam tendo sua história de vida incompleta nos registros oficiais. Para ele, o reconhecimento do nome do pai representa dignidade e o resgate de sua história familiar. É muito gratificante para nós da Defensoria Pública poder proporcionar isso”, afirmou a defensora.

Com a mediação das servidoras da Câmara de Conciliação, Tassiana Portela e Gabriela Medeiros, foi realizada uma videoconferência com os irmãos de seu Armando, que residem fora de Roraima. Todos reconheceram formalmente a paternidade e autorizaram a retificação do registro de nascimento, permitindo que seu Armando agora passe a assinar seu nome completo: Armando da Silva Barbosa.

Feliz e emocionado, seu Armando agradeceu o apoio da Defensoria Pública de Roraima e comemorou o reconhecimento. “Hoje eu me sinto feliz e digno de poder escrever o nome certo do meu sangue. Isso é dignidade”, declarou.

Post Mortem: O termo vem do latim e significa após a morte. Refere-se a eventos, condições ou medidas que ocorrem ou têm efeito após a morte de uma pessoa, como a sucessão, a partilha de bens ou a investigação de causas mortis.

O serviço de reconhecimento post mortem ou não, é contínuo e pode ser solicitado gratuitamente nas unidades da Defensoria em Boa Vista ou no interior. Na capital, o atendimento pode ser agendado virtualmente no Whatsapp 95 2121-0264.