Especialistas debatem impactos comportamentais para a democracia

O podcast foi transmitido ao vivo pela TV Assembleia (canal 57.3) e está disponível no YouTube (@assembleiarr)
Foto: Eduardo Andrade

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Nesta segunda-feira (22), a Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa (ALERR) apresentou o podcast “Combate à intolerância ideológica”, produzido pela TV Assembleia. Gravado nos estúdios da Rádio Assembleia (FM 98.3) e transmitido ao vivo também pelo YouTube (@assembleiarr), o programa discutiu como o tema se manifesta nas relações sociais e políticas, especialmente no ambiente digital, e quais são os impactos desse comportamento para a democracia.

O bate-papo foi idealizado a partir da Lei nº 1.557/2021, que institui o Dia Estadual de Combate à Intolerância Ideológica, celebrado anualmente em 6 de setembro. Conforme explicou o mediador do programa e coordenador da Rádio Assembleia, Leôncio Monteiro, o assunto tem ganhado força, especialmente nas redes sociais.

“É um problema que precisa ser conversado com a sociedade. Por isso, a ideia de convidar especialistas que conseguiram trazer alguns esclarecimentos e cooperaram diretamente para que esse assunto seja cada vez mais discutido”, frisou.

Um dos participantes do podcast, o psicólogo Wagner Costa iniciou a discussão falando sobre o processo de formação mental do indivíduo, que apresenta os primeiros sinais a partir dos seis meses de idade. Ele deu como exemplo uma encenação teatral com bonecos, na qual um boneco importuna o outro. No final, o bebê em cena é instigado a entregar um biscoito a um deles e escolhe aquele que sofreu a importunação.

“A psicologia diz um fato que nós temos a tendência de formarmos grupos e defendermos aqueles que consideramos que fazem parte deles. Nós somos assim e precisamos aprender a conviver”, ressaltou.

O professor de sociologia Linoberg Almeida declarou que é possível conviver com as diferenças. No entanto, há dificuldades em compreender os limites da sociabilidade. Ele também acrescentou que o diálogo ainda é o melhor remédio para a intolerância atual, principalmente por meio da mídia.

“O debate talvez sirva de gotinhas homeopáticas para alimentarmos as pessoas com informação e esclarecimentos e, assim, elas baixem a bola. Quando a poeira baixar, poderemos construir um novo modelo de sociedade no qual respeitaremos uns aos outros, independentemente daquilo que acreditamos ou pensamos”, comentou.

A cientista política Geyza Pimentel afirmou que o ser humano tende a se inserir onde avalia ser o melhor para si, de acordo com sua própria visão de mundo. A professora avaliou que vivemos em um país democrático de direito, no qual a população é livre para viver como bem entender, desde que não interfira na escolha alheia.

“Quando falamos em intolerância, destacamos aquele que não aceita a opinião do outro de forma alguma, e isso dentro do nosso país não é válido. Em um estado democrático todos podem ser representados e podem falar, ao passo que isso não configura crime”, salientou.

Questionado sobre a possível imutabilidade dos pensamentos do ser humano até a inserção na faculdade, por exemplo, o também cientista político Paulo Racoski rechaçou a ideia de que, desde a infância, a máxima “vir a ser” esteja ligada ao sujeito binário.

“Nós somos feitos de escolhas e, ao mesmo tempo, multitudinário, ou seja, propensos a estar na multidão. Mas, que se perdermos a identidade nesse meio, nos tornamos uma massa disforme perigosa. O homem sozinho é um vir a ser. Ele se constrói e reconstrói diariamente e não tem a obrigatoriedade de ser sempre o mesmo”, argumentou.

O debate seguiu mostrando diferentes perspectivas e reflexões sobre o impacto negativo que a falta de diálogo e educação pode causar à sociedade. A conversa está disponível na íntegra no link do YouTube? https://www.youtube.com/watch?v=NQ9soCPOu8A.

Texto: Suzanne Oliveira

SupCom ALE-RR