Déficit do Pressem cresce 4.200% em quatro anos e chega a R$ 1,5 bilhão; TCE-RR propõe acompanhamento especial

Tribunal de Contas de Roraima identificou falhas graves na gestão do fundo previdenciário municipal e vai monitorar de perto as contas para garantir equilíbrio financeiro e atuarial.
Foto: Marcelo Mora

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O conselheiro do Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR), Bismarck Azevedo, apresentou, durante sessão do Pleno realizada em 3 de setembro, uma proposta para disciplinar a tramitação dos processos de prestação de contas do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores do Município de Boa Vista (Pressem). A medida, aprovada em plenário, foi motivada pela constatação de graves irregularidades na gestão do fundo, que acumula um déficit atuarial bilionário.

De acordo com relatório técnico, o déficit do Pressem atingiu R$ 1,517 bilhão em 2023, resultado de um crescimento acelerado ao longo dos últimos quatro anos. Em 2020, o déficit era de R$ 35,1 milhões, passando para R$ 83,9 milhões em 2021, R$ 349,3 milhões em 2022, até alcançar a marca atual — um aumento de 4.222% no período.

Causas do rombo

O relatório do TCE-RR aponta que o desequilíbrio decorre de fatores como:

  • transferência da folha de inativos e pensionistas para o Pressem sem a devida fonte de custeio;

  • uso de premissas atuariais frágeis e distantes da realidade;

  • não aplicação das alíquotas previstas nos estudos atuariais entre 2020 e 2023;

  • resistência em aprovar planos de custeio consistentes;

  • ausência de integralização do Fundo de Reserva Técnica, essencial para o equilíbrio financeiro do sistema.

Segundo o conselheiro Bismarck Azevedo, “há indícios de que a situação atuarial do Pressem não decorre de um desequilíbrio inesperado ou circunstancial, mas de um processo cumulativo de decisões equivocadas, omissões conscientes e da inércia administrativa frente às necessárias reformas estruturais”.

Acompanhamento especial

Durante a análise, a equipe técnica identificou a ausência de tramitação das prestações de contas do Pressem referentes a 2022, 2023 e 2024, o que compromete o acompanhamento da real situação financeira do fundo.

Para corrigir essa falha, o conselheiro propôs a inclusão das contas dos exercícios de 2022, 2023, 2024 e 2025 nos Planos Anuais de Instrução (PAI), além da reunião de todos os processos sob sua relatoria. O objetivo é permitir uma análise aprofundada das causas do déficit e viabilizar medidas corretivas em tempo hábil, com segurança jurídica, para garantir a solvência do regime previdenciário municipal.

Bismarck Azevedo também solicitou que a medida seja estendida ao Instituto de Previdência do Estado de Roraima (IPER).

Créditos Secom TCE-RR

Texto:  Lucyara Duarte