Região Norte apresenta maiores índices de amamentação cruzada

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Os dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani/2019) revelam que metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses. A pesquisa, realizada pelo Ministério da Saúde (MS), também mostra que quase todas as crianças foram amamentadas alguma vez (96,2%), sendo que dois em cada três bebês recebem o leite materno ainda na primeira hora de vida (62,4%). Apesar dos avanços, o levantamento revela que, na Região Norte, a prevalência da amamentação cruzada é a maior entre todas as regiões (38,5%), índice superior à média nacional de 21,1%.

A prática, no entanto, é contraindicada pelo MS e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois oferece riscos à saúde da criança em função da possibilidade de transmissão de doenças infecciosas pelo leite, como HIV, HTLV e hepatites B e C.

A enfermeira Rebeca Góes, especialista em Saúde Coletiva, explica que, embora a prática seja vista como um ato de solidariedade entre mães, a amamentação cruzada pode trazer consequências sérias à saúde da criança. “Mesmo quando a mãe aparenta estar saudável, algumas doenças podem ser transmitidas de forma silenciosa pelo leite. Além disso, o bebê pode ser exposto a substâncias decorrentes do uso de medicamentos ou de hábitos de vida da mãe doadora, como o consumo de álcool ou tabaco”, alerta.

Segundo Rebeca, que também é professora da Estácio, existem alternativas seguras para mães que enfrentam dificuldades em amamentar. “Uma das principais soluções é recorrer aos bancos de leite humano credenciados, que realizam triagem rigorosa, exames laboratoriais e pasteurização, o que garante que o leite chegue ao bebê sem riscos”, afirma.

De acordo com a enfermeira, outro recurso é o acompanhamento especializado. Enfermeiros e consultores de amamentação podem auxiliar na identificação de problemas relacionados à pega, produção de leite ou posição do bebê, oferecendo estratégias para facilitar o processo. “Muitas vezes, pequenos ajustes já fazem grande diferença para que a mãe consiga manter a amamentação com mais tranquilidade”, completa Rebeca.

Rebecca destaca ainda que o Ministério da Saúde reforça que o leite materno é insubstituível, mas que, quando a mãe não consegue ofertá-lo diretamente, o caminho mais seguro é buscar apoio nos bancos de leite humano, presentes em todos os estados do país. “O essencial é evitar que a criança seja exposta a riscos desnecessários, especialmente quando existem alternativas seguras e comprovadas”, conclui.