Evento reúne autoridades e especialistas para discutir proposta que pode retirar autonomia das polícias estaduais e centralizar funções no Governo Federal
A Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) sedia, nesta sexta-feira (15), o II Seminário de Polícia Judiciária, promovido pela Associação dos Delegados de Polícia de Roraima (Adepol), com apoio do primeiro-vice-presidente da Casa, deputado Jorge Everton (União). O encontro reúne autoridades estaduais e nacionais para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 18/2025, que trata da reforma da segurança pública no Brasil.
A proposta em análise no Congresso Nacional prevê centralizar determinadas funções de segurança pública no Governo Federal, reduzindo a autonomia das polícias civis, militares e dos corpos de bombeiros estaduais. Na avaliação de representantes dos estados, isso representa um enfraquecimento do pacto federativo, com possível impacto na capacidade de cada federação responder às próprias demandas.
A presidente da Adepol Roraima, Simone Arruda, destacou que o seminário representa um momento para apontar inconsistências na proposta do Governo Federal. “Roraima enfrenta, além de facções criminosas nacionais, a atuação de uma organização criminosa venezuelana. É essencial que nossos representantes no Congresso conheçam essa realidade e compreendam as demandas dos profissionais e da população”, frisou.
Durante o evento, o presidente da Adepol Brasil, Rodolfo Laterza, frisou que a discussão em torno da PEC deve ser conduzida com base em dados e estratégias concretas, e não apenas em narrativas políticas.
“A Assembleia Legislativa está de parabéns por promover um debate que busca soluções concretas para a criminalidade, integrando o Estado de Roraima ao cenário nacional e fortalecendo o diálogo com parlamentares e autoridades”, ressaltou.
Especificidades do Estado de Roraima
O delegado de Repressão às Ações Criminosas Organizadas de Roraima (Draco), Wesley Costa, afirmou que a proposta do Governo Federal não enfrenta de forma efetiva os principais problemas da macrocriminalidade, sobretudo de grupos criminosos estrangeiros.
“A PEC traz questões pontuais, mas não enfrenta o cerne da criminalidade organizada. Aqui, além de facções brasileiras, lidamos com um grupo criminoso venezuelano, o que impacta diretamente nos índices de homicídios da capital. Muitos desses casos envolvem criminosos ou vítimas estrangeiras, e isso demanda soluções específicas que só podem ser adotadas com independência de atuação”, afirmou.
Fotos: Eduardo Andrade / Alfredo Maia